Pintura em Mural – Safári do Gael
Para quem não sabe, além das aquarelas, eu também trabalho com pintura em mural que busca alcançar a mesma técnica aguada do papel.
Recentemente, eu trabalhei num projeto incrível para a fotógrafa Liziane Fuchs, que está a espera do seu primeiro bebê, o Gael. O tema escolhido foi o safári – tema em alta no universo infantil -, mas a mamãe queria um toque boho único, bem a cara dela.
No post de hoje vou contar mais sobre o antes da pintura, as inspirações e o processo para alcançarmos o resultado desejado. Vem comigo!
A técnica da pintura em mural
Antes de mais nada, gostaria de falar um pouco mais sobre a técnica que uso em parede, que é toda especial.
Atualmente, a pintura em mural ganhou um grande espaço nas redes sociais, com vários artistas emergentes e empresas criando espaços instagramáveis e coloridos para atrair o público. Ainda assim, a técnica mais utilizada tem sido a orgânica, feita com tintas em parede, canetas permanentes e lettering. Jhenny Keller e Nina Cohen são duas artistas incríveis que dominam a técnica.

Vale a pena conhecer o trabalho delas e se inspirar!
Ainda que eu ache esse estilo lindo, a pintura em mural que sempre mexeu com o meu coração foi no estilo de Tanya Bonya. A russa faz murais espetaculares que traduzem bem a sua aquarela fora do papel e era exatamente isso que eu desejava.

O trabalho em mural da Tanya é perfeito! Ela é uma das minhas maiores inspirações.
Dessa forma, eu comecei a estudar as possibilidades de tintas e técnicas para levar a minha aquarela do papel para a parede e, eventualmente, cheguei na técnica que utilizo hoje.
A pintura em mural que pratico não tem um grande segredo: no lugar da tinta de aquarela, eu utilizo tintas acrílicas, pois ela não sai após seca. Com a água – a mesma base da aquarela – eu posso criar uma textura translúcida na parede e ter resultados bem similares ao papel.

Materiais que utilizo na parede: tintas acrílicas, pincéis de cabo longo e forma de gelo para misturar as tintas.

Pincéis de cabo longo ajudam na hora de pintar. Por aqui, usamos os da marca Condor.
Apesar de ser uma técnica mais econômica que a do lettering, ela certamente demanda mais tempo de domínio, já que a água é bastante volátil. Quer conhecer um pouco mais? Então vem que eu vou contar mais sobre o safári do Gael.
Pintura em Mural – Safári do Gael
Agora que você já conhece mais da técnica, é hora de eu apresentar o projeto criado para dar vida ao Safári do Gael.
Primeiramente, te convido a conhecer o trabalho da Lizi, para entender melhor o estilo de fotografia dela e a paleta de cores que ela carrega do trabalho para a vida. Quando começamos a conversar, a falar sobre temas, eu sabia que independente da escolha, o estilo seria o boho e a paleta quente e terrosa como ela gosta.
Agora que você já está por dentro do estilo da mamãe, vamos entender todo o processo de criação desse mural incrível.
1. Antes da pintura – briefing e referências
Antes de dar início a qualquer projeto, eu faço um briefing e peço referências para os clientes para entender o sonho deles. Apesar de conhecer bem a Lizi, com ela não foi diferente.
Algumas das referências que ela tinha eram de quartos infantis num estilo bem australiano: boho, leve e cheio de elementos rústicos. Bem naquele estilo boas vibrações de viver.

Inspiração em detalhes mais marcados, mas sempre num estilo boho.
A partir desse moodboard, começamos a analisar o espaço e a entender o que tínhamos para trabalhar.
Vale ressaltar que ao contrário de muitas mamães de primeira viagem, a Lizi não contratou uma arquiteta para montar o projeto. Fomos nós duas que conversamos sobre todas as possibilidades antes de definirmos onde e como seria o mural.
Todo esse processo pré-definição foi bem tranquilo, mas antes de montar o projeto no papel, nós analisamos como trazer essa estética mais marcada de pintura em mural, sem pesar no espaço pequeno do quarto.
2. A ideia do safári – projeto no papel
Logo após conversarmos sobre o desejo que a mamãe tinha para o espaço, eu trabalhei na proposta do projeto em papel.
Eu costumo fazer uma escala do desenho, para a cliente entender as proporções e começar a visualizar a ideia. No entanto, tento deixar claro que o trabalho artístico vai sofrer pequenas alterações, já que todo o trabalho é 100% artesanal: eu não uso projetor, nem stensil; é tudo feito à mão.
O gostoso de trabalhar com outros artistas é que eles buscam esse nível orgânico no resultado. Aqui mesmo, a mamãe me pediu para nem fazer a pintura em papel, porque queria que eu tivesse liberdade de criar fora dali.

Todo projeto aqui começa no papel
Ainda assim, o projeto foi feito para ela entender as proporções e analisar se queria adicionar ou tirar alguma coisa.
Com a arte aprovada, combinamos o dia da execução e partimos para a criação!
3. A execução – pintura em mural
Ao contrário do que muitos pensam, o processo na parede não é tão diferente do papel. Aqui também começamos pelo risco (que eu faço com giz para não manchar e poder apagar), faço um fundinho manchado e depois parto para a pintura dos detalhes.
Não tem muito o que falar sobre a pintura em si, pois ela envolve muito sentimento do momento, do projeto, do cliente. Quando a mamãe participa ativamente, a gente sente o que ela sente e a pintura fica ainda mais fluída e mais gostosa.
Do mesmo modo, eu sinto que a parede fala em toda a produção. Tem locais que são de mais fácil aplicação, locais que são mais difíceis de lidar… Enfim, muito do resultado vem de uma parede bem novinha e um projeto feito com o coração.
Confira abaixo algumas fotos e acompanhe o processo:

O macaquinho foi o primeiro a sair…

Nossa segunda etapa foi a girafa…

Sempre acertando as tintas… Uma dica para quem quer trabalhar com isso: sempre tenha um papel para teste!

Finalizando com as folhas…

E no meio disso tudo, tinha um elefante!

E esse foi o resultado!
Definitivamente, essa parede foi um desafio incrível de se enfrentar. Eu comecei jurando que não daria conta e amei cada detalhe!
Me conta abaixo o que achou e me fala o que gostaria de ver de pintura em mural por aqui.
Merci por me acompanhar,
Francy.